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terça-feira, 1 de junho de 2010

ENTREVISTA DE FLÁVIO JOSÉ AO BLOG pedeserrabrasil.blogspot.com

                                               

Quais as suas principais influências?

Flávio José: Minha grande influência, para entrar na autêntica música nordestina, foi Luiz Gonzaga. Aos 5 anos de idade, eu vi pela primeira vez Luiz Gonzaga em cima de um caminhão fazendo um grande show, e depois disso eu pedi a meus pais uma sanfoninha. Aos 7, comecei a tocar, e aos 10, eu comecei a tentar cantar e acompanhar na sanfona. Daí pra cá, eu formei trios de forró com mais dois irmãos e formei bandas de baile. Eu passei 23 anos como funcionário do Banco do Brasil. Nessa época, eu toquei nas mesmas casas de shows que Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Trio Nordestino, que também me influenciou muito, e, estou no mundo do forró até hoje

Há quanto tempo está na estrada?

Flávio José: Tenho uns 30 anos de carreira. Mas eu só comecei há gravar um pouco depois. Durante a minha carreira eu gravei 8 vinis e 16 CDs, sendo que, o mais novo saiu esse ano com o título de “Tá Bom Que Tá Danado!”.

Como você avalia a fase do forró hoje em dia?

Flávio José: Eu não tenho nada a reclamar, pois fazemos muitos shows. Só lamento que não possamos mais gravar porque os compositores não estão compondo mais, por conta da pirataria. Pois eles não ganham nada e assim não tem interesse em compor.

Como discípulo de Luiz Gonzaga, o que acha das bandas de forró mais pop que incorporam recursos mais eletrônicos?

Flávio José: Olha, a questão de introduzir guitarra, bateria e contrabaixo eu acho que não tem muito problema. Luiz Gonzaga já havia feito isso. Ele gravou com esses instrumentos. O Trio Nordestino também gravou dessa forma. Agora, os teclados não. Não têm nada haver com o forró, e foge totalmente do estilo. A gente sabe que o forró autêntico, o verdadeiro, é o que a gente faz, e eu só conheço esse. De repente você percebe que bandas que se diziam de forró, hoje, estão totalmente fora do que começaram a fazer. Fazem um ritmo mais pop, que mistura muita coisa. Mas, eu só fico triste, no segmento do forró, quando se apela, quando se usa muito duplo sentido pesado. Tem muita coisa ruim por aí apelando, e isso me entristece muito, porque nossos filhos estão escutando, as famílias estão sendo agredidas nessas apresentações, isso me entristece. Mas, aquilo que a gente não pode mudar, a gente tem que aprender a conviver, e eu já aprendi.

Como vê os movimentos que fizeram o forró ficar em evidência em todo o país, como o forró universitário, por exemplo?
Flávio José: Olha, eu acho que isso foi uma onda, e acho até que já passou, porque não está mais evidência como estava antes. E eu nunca costumo chamar de forró universitário, porque, é a mesma coisa que a gente faz, apenas são universitários que se apaixonaram pela autêntica música nordestina e vieram somar com a gente nessa linha de Luiz Gonzaga. Mas são pessoas que fazem, realmente, um forró autêntico, pé de serra, já que tem uma sanfona, uma zabumba e um triângulo mantendo aquele swingue maravilhoso.

Como anda a sua experiência como empresário de banda de forró?

Flávio José: Hoje, eu só tenho mesmo a minha carreira de músico para cuidar, que já é de bom tamanho. Porque hoje, sinceramente, não querendo ser indelicado com ninguém que está começando, eu diria que se fosse para eu começar, eu não teria coragem, porque é muito difícil. Diria que é quase impossível, hoje, uma pessoa começar uma carreira artística, e, quem estiver lendo esta matéria, não me leve à mal, e siga até um conselho: estude pra caramba, procure fazer a sua vida, tenha como meta estudar e vencer na vida, e leve a música paralelamente.

Foi assim com você?

Flávio José: Eu vivi isso. Eu fui funcionário do Banco do Brasil durante 23 anos, e dentro do próprio banco eu me esforçava pra gravar um disco. Eu saía de férias para divulgar o disco. Uma vez eu saí em pleno carnaval para divulgar meus discos e as pessoas brincavam com isso, e eu deixava os discos nas rádios. Durante o mês de junho eu não tinha férias. Eu era conhecido como o cantor dos 300 km, porque eu trabalhava até as 13 horas da tarde, almoçava na cantina do banco, o carro da banda ficava na calçada do banco me esperando, e a gente saía para fazer shows no mês de junho, num raio de até 300 km, para dar tempo de voltar, tomar um banho, vestir a roupa de bancário e voltava dormindo no carro até a porta do banco. Descia umas 7 horas e começava a trabalhar e a banda ia dormir. Quando era meio-dia, morrendo de sono, lá estava o carro da banda de novo na porta do banco me esperando, e era assim todos os dias de junho. Então, eu acho que as pessoas que querem começar uma carreira, tenham paciência, pois ninguém acontece do dia pra noite. Essas coisas apelativas que a gente vê ficam 2, 3 meses, mas nunca vão ficar na história, caem no esquecimento rapidinho.

Quais os seus planos para depois do São João? Tem planos para um DVD?

Flávio José: Eu vou tocar até quase final de julho, depois eu vou dedicar o último final de semana pra minha família, aproveitar pra viajar e descansar. Temos um projeto de um DVD sim, que vai amadurecer aos poucos. Não é porque todo mundo tem que fazer um DVD, que a gente vai fazer isso com pressa. A gente quer fazer um trabalho bem planejado. O público já conhece tudo, menos a minha vida, a minha história, de onde eu vim. Enfim, é um projeto que está amadurecendo, buscando uma parceria que faça também a distribuição desse DVD. Eu não pensei em fazer um DVD até agora porque a gente não tem distribuição, e dessa forma, quem vai ganhar é a pirataria, então a gente está procurando por parcerias que coloquem nossa música em todas as lojas do Brasil.

Os seus fãs que acompanham os seus sucessos sabem que você tem um show pra realizar na Suíça. Quais as novidades que você vai levar para fora do país?

Flávio José: Eu por enquanto não fui convidado ainda. A gente nem sabe se será esse ano, no festival, se vai rolar a noite do forró. Eu acredito que tenha que acontecer novamente, pois foi um sucesso no ano passado e eu espero que outros artistas tenham a oportunidade de serem convidados e participarem também.

Então quais as novidades que nós podemos esperar?

Flávio José: A novidade é que sempre estamos buscando músicas para formar um repertório pra gravar um novo disco. Esse ano eu não gravei por falta de música, mas na hora que a gente completar ao menos 12 músicas, a gente vai fazer um disco novo.

Podemos esperar de você um CD apenas com músicas religiosas?

Flávio José: Quem sabe, não sei o futuro, o dia de amanhã. Não vou dizer nem que sim, nem que não. Deus é quem sabe.

E no dia, espero que demore muito, em que você se aposentar, como você quer ser lembrado pelos fãs?

Flávio José:Como uma pessoa séria, correta, fiel ao trabalho que sempre desenvolvi. Um dos autênticos defensores da música e cultura nordestina.

Para finalizar, deixe um recado especial para os internautas:
Flávio José: Que Deus abençoe a todos, que deixam Deus entrar na vida de vocês para que sejam muito felizes pra sempre!



Por Thiago Ferreira, sábado, 9 de janeiro de 2010.

FONTE:http://pedeserrabrasil.blogspot.com/2010/01/entrevista-com-flavio-jose.html